O Banco Central, o ratinho de Pavlov e o homem de Bolsonaro, por Luis Nassif
O mercado define as expectativas de inflação, através do Copom. Também define o nível do câmbio, através de uns poucos players com grande poder de fogo e articulação típica dos ambientes cartelizados. Opera o mercado futuro de taxas de juros, sem a menor interferência do Banco Central.
Controlando as expectativas de inflação, de taxa longa de juros, facilmente induz o Banco Central a operar a Selic na direção pretendida.
Ué, mas o BC não tem discernimento próprio para definir políticas monetárias autônomas?
Não. O BC foi treinado para operar taxas como o ratinho de Pavlov. Se a expectativa de inflação do marcado sobe, suba-se a Selic. Se as taxas de juros longas operadas pelo mercado sobrem, aumenta-se a Selic. Se o governo anuncia a mera intenção de desenvolver o país, o BC solta uma Nota alertando que as expectativas se deterioraram e haverá nova alta dos juros.
Não há nenhuma curiosidade, nenhuma competência técnica para entender os efeitos da cartelização no ambiente de negócios do mercado de taxas ou na formação de expectativas pelo mercado, ou mesmo um mínimo de responsabilidade para entender os impactos dessas decisões sobre emprego, renda, saúde, infraestrutura. O BC é um aquário com uma porta giratória.
Por tudo isso, provavelmente três ideias estarão na mesa para que o BC passe, efetivamente, a atuar como uma instituição independente:
- O BC passar a atuar no mercado de câmbio, para impedir oscilações especulativas.
- O BC passar a atuar no mercado de taxas, definindo a estrutura de taxas, em vez de deixar nas mãos do mercado.
- Alguma mudança no sistema de recompra, no uso de títulos públicos para monitorar a liquidez da economia.
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