sábado, 13 de setembro de 2025
quarta-feira, 4 de setembro de 2024
O que se sabe sobre a operação contra jogos ilegais, que mira celebridades e bloqueou R$ 2,1 bilhões
Por Ana Gabriela Sales, no GGN: Uma operação deflagrada pela Polícia Civil de Pernambuco, na manhã desta quarta-feira (4), prendeu a empresária, advogada e influenciadora digital Deolane Bezerra, além de acarretar no bloqueio de ativos fianceiros de cerca de R$ 2,1 bilhões dos alvos da ação policial. [Confira os detalhes abaixo].
Segundo a corporação, as investigações da Operação "Integration" contra lavagem de dinheiro e prática de jogos ilegais foram iniciadas em abril de 2023 e contou inclusive com a colaboração da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol), da Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça e Segurança Pública (Senasp) e da Diretoria de Operações Integradas e inteligência (Diopi) da Polícia Civil de Pernambuco.
De acordo com os policiais, "a quadrilha usava várias empresas de eventos, publicidades, casas de câmbio, seguros e outras para lavagem de dinheiro feita por meio de depósitos e transações bancárias".
Ao todo, forma expedidos outros 19 mandados de prisão e 24 de busca e apreensão no Recife, Campina Grande (PB), Barueri (SDP), Cascavel (PR), Curitiba e Goiânia. Os nomes dos demais alvos não foram divulgados. A 12ª Vara Criminal da Comarca de Recife também determinou a entrega de passaporte, a suspensão do porte de arma de fogo e o cancelamento do registro de arma de fogo de investigados.
Pelo menos 170 policiais civis de Pernambuco, São Paulo, Paraná, Paraíba e Goiás integram a operação, que também teve apoio do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF).
Bets na Mira
Uma das empresas que entraram na mira da operação é a plataforma de apostas online Esportes da Sorte, que patrocina times de futebol como o Corinthians, Palmeiras, Grêmio, Athletico-PR, Bahia, Ceará, Náutico e Santa Cruz. Em nota, a empresa disse ter compromisso com a verdade e com o cumprimento de seus deveres legais.
A casa de apostas Vai de Bet, do empresário do ramo imobiliário José André da Rocha Neto, também foi alvo da investigação. Um helicóptero que, segundo a polícia, teria ligação com essa empresa chegou a ser apreendido em Campina Grande, na Paraíba. A empresa tem sede no Caribe e está no mercado desde Setembro de 2022.
Apreensão de avião de Gusttavo Lima
Um avião que pertence à empresa do sertanejo Gusttavo Lima também foi apreendido pela Polícia Civil, em São Paulo. A aeronave, prefixo PR-TEN, foi recolhida enquanto passava por uma manutenção no aeroporto da cidade de Jundiaí.
A polícia não informou qual seria a ligação do avião com o esquema, mas ele está registrado no nome da empresa Balada Eventos e Produções Ltda, do cantor, e tem situação considerada "normal", segundo Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
O advogado da empresa Balada Eventos e Produções, Cláudio Bessas, informou que a aeronave foi vendida por meio de contrato de compra e venda, devidamente registrado junto ao Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB-Anac), para a empresa J.M.J Participações, segundo o G1.
Prisão de Deolane
Com 20 milhões de seguidores nas redes sociais, Deolane foi presa em um hotel no bairro de São José, na região central do Recife. Segundo os policiais, a empresária foi levada para o Departamento de Repressão aos Crimes patrimoniais (Depatri), em Afogados, na Zona Oeste.
Pernambucana, a influencer mora em São Paulo e viajou com a família para a região Nordeste. Na capital paulista, um carro de luxo foi apreendido na mansão de Deolane.
Nas redes sociais, a irmã da empresária, Dayanne Bezerra, disse que a mãe, Solange Bezerra, também foi presa. A mulher passou mal após a prisão e foi levada para o hospital. Segundo Dauanne, a família é vítima de perseguição judicial.
Vale lembrar que, em 2022, Deolane foi alvo de busca e apreensão por suposta relação com a empresa de apostas esportivas Betzord, que era investigada por "crime contra a economia popular e associação criminosa".
Nets manhã, o escritório da advogada Adélia Soares, que defende Deolane e Solange, publicou uma nota afirmando que a investigação em curso é sigilosa. "Ressaltamos que a Dr. Deolane Bezerra tem plena confiança na Justiça e permanece à disposição para colaborar com as autoridades competentes, de modo a esclarecer todos os fatos", diz a nota.
"Além disso, informamos que o corpo jurídico da Dra. Deolane já está tomando todas as providências cabíveis para garantir o respeito ao sigilo processual e para responsabilizar aqueles que, porventura, estejam divulgando informações inverídicas ou confidenciais de forma indevida", prossegue o texto.
Já o advogado do dono da Esportes da Sorte, Pedro Avelino, disse em entrevista que ainda precisa entender o contexto da operação. Também em nota a empresa disse que "ratifica seu compromisso com a verdade, com o jogo responsável e, principalmente, com o cumprimento de todos os seus deveres legais".
Leia também:
![]() |
Clique aqui para ler a matéria |
***
segunda-feira, 25 de março de 2024
Caso Marielle: PF vai investigar nomeação de chefe da Polícia do Rio assinada por Braga Netto
Por Ana Gabriela Sales, no GGN: A luz dos novos desdobramentos do caso Marielle Franco, a Polícia Federal (PF) vai investigar as circunstâncias da indicação do delegado Rivaldo Barbosa para chefiar a Polícia Civil do Rio de Janeiro, que assumiu o posto um dia antes do crime, em março de 2018. A informação foi dada pelo diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, à jornalista Ana Flor, do G1.
A nomeação
Rivaldo Barbosa assumiu o comando da Polícia Civil do Rio em 13 de março de 2018, um dia antes da execução brutal da então vereadora carioca pelo PSOL, Marielle Franco, e do motorista Anderson Gomes.
Na época, a segurança pública do Rio de Janeiro passava por intervenção federal. A ação era comandada pelo general Braga Netto, que mais tarde se tornou ministro-chefe da Casa Civil de Jair Bolsonaro (PL).
Em março de 2018, a nomeação de Rival Barbosa foi assinada pelo então interventor Braga Netto, que veio a público neste domingo (24) para afirmar que a nomeação foi assinada por "questões burocráticas" e que - na ocasião - as indicações para a Polícia Civil do Rio eram feitas pelo general Richard Nunes.
Acontece que Richard Nunes, também foi nomeado por Braga Netto. Ele era secretário de Segurança Pública do Rio, pasta que à época respondia ao Gabinete de Intervenção Federal.
"A seleção e indicação para nomeações eram feitas, exclusivamente, pelo então Secretário de Segurança Pública, assim como ocorria nas outras secretarias subordinadas ao Gabinete de Intervenção Federal, como a Defesa Civil e Penitenciária", diz a nota da defesa de Braga Netto. "Por questões burocráticas, o ato administrativo era assinado pelo Interventor Federal que era, efetivamente, o governador na área de segurança pública no RJ", segue a nota.
Já o relatório da PF, que implica Rivaldo Barbosa, mostra que a Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Estado de Polícia Civil do Rio de Janeiro desabonou a indicação dele para o cargo, mas o general Richard Nunes insistiu e decidiu nomeá-lo.
Em depoimento, Richard Nunes afirmou que desconsiderou a recomendação da Subsecretaria de Inteligência uma vez que recomendação não se pautava em "dados objetivos". Já em entrevista dada ao jornal Folha de S. Paulo, o general disse que "pode ter sido ludibriado".
Prisão de Rivaldo
Rivaldo Barbosa e os irmãos Domingos Brazão e Chiquinho Brazão foram presos, neste domingo (24), seis anos após a morte de Marielle, no âmbito da investigação federal sobre o caso.
Domingos e Chiquinho foram apontados como os mandantes do crime, enquanto Rivaldo é apontado de ter planejado "meticulosamente" a emboscada e também de obstruir as investigações do assassinato.
As informações estão no documento em que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), expediu os mandados de prisão contra os três.
Já nesta segunda-feira (25), a Primeira Turma do STF também formou maioria para confirmar a decisão de Moraes e manter as prisões.
Leia Também:
![]() |
Clique na imagem para ler a matéria |
![]() |
Clique na imagem para ler a matéria |
sábado, 19 de agosto de 2023
Por contaminação ideológica e omissão no 8 de janeiro, PF prende cúpula da PM-DF
Por Renato Santana, no GGN: O comandante-geral da Polícia Militar do Distrito Federal, coronel Klepter Rosa Gonçalves, foi levado pela Polícia Federal na manhã desta sexta-feira (18) como parte do cumprimento de sete mandados de prisão preventiva contra a cúpula da PM/DF por omissões nos atos golpistas de 8 de janeiro.
A informação foi divulgada pelo jornalista e colunista do UOL, Aguirre Talento. Além do atual comandante-geral da PM, que era subcomandante da corporação na invasão às sedes dos Três Poderes, foi preso o ex-comandante Fábio Augusto Vieira, que chefiava a PM na ocasião.
Foram levados à carceragem da PF também o coronel Paulo José Ferreira de Souza Bezerra, que em janeiro estava no Departamento de Operações da PM, o coronel Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues e o tenente Rafael Pereira Martins.
Os presos nesta manhã são acusados de crimes contra o estado democrático, dano qualificado e também acusados da violação dos deveres funcionais estabelecidos na Constituição e nas normas da PM do DF. Já se encontravam detidos o coronel Jorge Naime e o tenente Flávio Silvestre Alencar.
Prisões solicitadas pela PGR
As prisões haviam sido solicitadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF), após apresentar denúncia contra eles dentro da investigação que apura a omissão de autoridades nos atos golpistas do 8 de janeiro. Os mandados foram autorizados pelo ministro Alexandre de Moraes.
À imprensa, a PGR afirmou que apresentou provas da omissão dos envolvidos e constatou que havia "profunda contaminação ideológica de parte dos oficiais da Polícia Militar do DF", como a concordância com "teorias conspiratórias sobre fraudes eleitorais e de teorias golpistas".
A PGR também apontou que os policiais que ocupavam cargos de comando da corporação "receberam, antes de 8 de janeiro de 2023, diversas informações de inteligência que indicavam as intenções golpistas do movimento e o risco iminente da efetiva invasão às sedes dos Três Poderes".
"Os denunciados conheciam previamente os riscos e aderiram de forma dolosa ao resultado criminoso previsível, omitindo-se no cumprimento do dever funcional de agir", diz a PGR.
Ibaneis Rocha e Anderson Torres
O ministro Moraes chegou a afastar do cargo, neste mesmo caso, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), durante dois meses. O ex-secretário de Segurança Pública Anderson Torres ficou três meses preso, mas posteriormente liberado por Moraes.
***