sábado, 4 de outubro de 2025
terça-feira, 23 de setembro de 2025
A onça devorou a águia. Por Miguel do Rosário
Por Miguel do Rosário*: Ao final de um dicurso agressivo e repleto de autoelogios ridículos, Donald Trump mencionou o breve encontro com Luiz Inácio Lula da Silva nos corredores da ONU: "nós nos abraçamos... ele gostou de mim, eu gostei dele... tivemos excelente química". A frase soou como uma capitulação do Calígula do Norte à grandeza moral de Lula.
O constraste foi avassalador. No mesmo salão onde Lula discrusara em defesa da soberania nacional e da democriacia brasileira, o que se viu no discurso de Donald Trump foi um vômito fascista: ataques ao multilateralismo, mentiras sobre ciência e clima, hostilidade contra imigrantes e agressões gratuitas à ONU.
Trump falou para a maioria radicalizada de seu próprio país e usou o púlpito para dar lições de moral a seus vassalos do mundo rico. Chamou a mudança climática de farsa e atacou a política de energia limpa como "piada". Disse que países que investem em energia sustentável são frágeis, guiados pelo polpiticamente correto, e destinados ao fracasso. Transformou a agenda ambiental em arma retórica contra seus adversários, sem qualquer compromisso real com o futuro do planeta.
No tema da imigração, o tom foi ainda mais sombrio. Trump descreveu estranmgeiros como ameaça existencial, insinuando que a resposta de seu governo passaria pela repressão implacável, mesmo à custa da vida de pessoas em busca da sobrevivência. Foi a consagração de uma visão marcada pelo absoluta falta de empatia humana.
Sobre o Brasil, Trump recorreu a falsidades. Disse que o país teria "taxado" os Estados Unidos e anunciou tarifas pesadas como retaliação. Atacou a independência do Judiciário brasileiro, acusando-o de corrupção e perseguição política, em clara afronta à soberania nacional.
Enquanto isso, Lula afirmara, com clareza e firmeza, que a democracia brasileira é inegociável e que o Judiciário brasileiro é independente. Recordou que a condenação de um ex-presidente da República por golpe de Estado constitui um marco histórico na consolidação da democracia e uma lição para o mundo. Denunciou o massacre em gaza, defendeu a paz e reafirmou a soberania dos povos contra imposições unilaterais.
Os dois discrusos acabaram por representar mais uma vitória política do presidente Lula, reforçada pelo sucesso das manifestgações de domingo contra a anistia. Para o deputado traidor Eduardo Bolsonaro, os elogios de Trump ao petista caíram como uma bomba: o único trunfo que restava era a suposta proximidade entre Jair Bolsonaro e Donald Trump. Com o presidente americano sinalizando simpatia e possibilidade de diálogo co Lula, esse trunfo virou pó.
*Originalmente publicado em "O cafezinho"
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Fala de Trump acaba com monopólio de bolsonaristas na Casa Branca; entenda
Por Caíque Lima, no DCM: O discurso de Donald Trump na Assemblei Geral da ONU nesta terça (23) desarmou a estratégia bolsonarista de monopolizar a interlocução brasileira com a Casa Branca. O republicano afirmou que teve uma "química excelente" com o presidente Lula e acabou com a ideia de que apenas Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Paulo Figeuiredo teria conexão com a Casa Branca.
Essa avaliação foi compartilhada por integrantes do Itamaraty e pela ala pragmática do bolsonarismo, que reconhecem que, com a fala de Trump, Lula não sé se beneficia, mas também o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Tarcísio, que havia tentado estabelecer uma intelocução com a Casa Branca desde o onício do tarifaço imposto pelos EUA, foi desautorizado por Figueiredo e Eduardo, o que fragilizou sua posição. Nos bastidores do Itamaraty, o contato entre Lula e Trump durante a Assembleia foi visto como um "golaço" para o presidente brasileiro.
"Era meio óbvio que ia dar uma química lá. Não podia ser telefonema, tinha que ser ao vivo", disse um membro do governo ao Blog da Andréia Sadi no G1. A fal de Trump também causou desconforto entre os bolsonaristas, que agora se veem sem uma resposta clara.
O apoio às sanções dos EUA contra o Brasil, adotado por alguns dentro do grupo bolsonarista, agora fica sem respaldo, uma vez que elas eram usadas como um suposto alinhamento completo de Trump às narrativas da extrema-direta.
A fala também reacendeu comparações com a relação a Bolsonaro. Durante uma Assembelia da ONU anterior, o ex-presidente disse ao americano: "Trump, I love you". A declaração, acompanhada de um afago, ficou registrada como um marco do alinhamento ideológico entre os dois.
Publicamente, figuras da extrema-direita, como Eduardo e Figueiredo, têm dito que o gesto do presidente americano foi positivo. Eles acreditam que o republicano fez os elogios para fragilizar Lula nas negociações.
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terça-feira, 9 de setembro de 2025
EUA ameaçam "usar militares" contra o Brasil se Bolsonaro for condenado
Por Caíque Lima, no DCM: A Casa Branca voltou a se manifestar sobre o julgamento de Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal. Nesta terça-feira (9), a porta-voz Karoline Leavitt afirmou que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode usar as Forças Armadas do país caso o ex-mandatário seja condenado pela Corte.
"O presidente não tem medo de usar meios econômicos nem militares para proteger a liberdade de expressão ao redor do mundo", afirmou a porta-voz. Ela disse que "não há nenhuma ação adicional" no momento contra o Brasil.
Ao ser questionada sobre possíveis medidas adicionais contra o governo do Brasil caso Bolsonaro seja condenado, Leavitt reforçou que Trump considera o tema central. "A liberdade de expressão é a quetão mais importante dos nossos tempos. Presidente Trump toma isso muito em sério, e por isso tomamos ações contra o Brasil", prosseguiu.
A declaração da porta-voz foi dade após o ministro Alexandre de Moraes, relator da trama golpista, votar para condenar o ex-presidente e os outros sere réus do chamado "núcleo central". O magistrado afirmou que Bolsonaro atuou com lider de organização criminosa para tentar impedir a posse de Lula.
🇺🇸 ATENÇÃO: Perguntada sobre a iminente condenação de Bolsonaro, a porta-voz da Casa Branca disse que, apesar de não querer antecipar nada, Trump não teria receio de usar "o poder econômico e militar dos EUA para proteger a liberdade de expressão".pic.twitter.com/cftiuoVGzm
— Eleições em Pauta (@eleicoesempauta) September 9, 2025
Mais cedo, antes do fim da manifestação do magistrado, a embaixada dos Estados Unidos no Brasil também fez uma ameaça. Em nota direcionada a Moraes, o órgão afirmou que adotará as "medidas cabíveis" contra o ministro.
"Dia 7 de setembro marcou o 203º Dia da Independência do Brasil. Foi um lembrete do nosso compromisso de apoiar o povo brasileiro que busca preservar os valores de liberdade e justiça. Para o ministro Alexandre de Moraes e os indivíduos cujos abusos de autoridade têm minado essas liberdades fundamentais - continuaremos a tomar as medidas cabíveis", escreveu o órgão.
Durante seu voto, Moraes argumentou que a tentativa de golpe não depende de consumação para configurar crime e listou episódios que, em sua avaliação, comprovariam a articulação golpista. O relator foi o primeiro a se posicionar no julgamento.
Os demais ministros da Primeira Turma (Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, presidente do colegiado) ainda irão apresxentar seus votos. O resultado final do julgamento definirá se Bolsonaro e seus aliados serão responsabilizados penalmente.
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sexta-feira, 29 de agosto de 2025
Tarifaço de Trump: Lula autoriza processo para aplicar lei de reciprocidade contra os EUA
Do Congresso em Foco: O presidente Lula autorizou oficialmente, nessa quinta-feira (28), o início do processo para a aplicação da Lei da Reciprocidade Econômica contra os Estados Unidos. A medida é uma resposta à imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros exportados para o mercado americano, determinada por Donald Trump. A decisão foi formalizada pelo Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty), que enviou uma notificação à Câmara de Comércio Exterior (Camex), que agora tem 30 dias para avaliar se as condições da lei são atendidas.
A Lei da Reciprocidade Econômica, sancionada por Lula em abril deste ano, permite ao Brasil adotar contramedidas contra países ou blocos econômicos que impõem barreiras unilaterais prejudiciais à competividade do país. Entre as possíveis respostas, estão a imposição de novas tarifas, restrições ao comércio ou até a suspensão de concessões comerciais e direitos de propriedade intelectual.
O chanceler Mauro Vieira afirmou que a aplicação da Lei tem caráter técnico e não visa criar um clima de guerra comercial. "Essa medida é uma resposta legítima, seguindo um rito formal e prazos bem definidos, tal como a Seção 301 dos Estados Unidos", explicou. Vieira reforçou, no entanto, que o Brasil ainda está disposto a dialogar com os EUA para evitar uma escalada do conflito comercial, apesar da resistência do governo de Trump em abrir negociações.
O tarifaço de Trump e seus impactos
O tarifaço de 50% anunciado por Donald Trump entrou em vigor no início de agosto e afetou produtos-chave da economia brasileira, como o café, que é uma das maiores exportações do Brasil para os EUA. A medida foi vinculada às investigações em curso sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado. Trump, na ocasião, condicionou a imposição das tarifas à situação política interna brasileira, o que gerou uma forte reação do governo de Lula.
A medida foi vista como uma ação unilateral e punitiva, sem considerar as implicações para a economia brasileira, que é deficitária em relação ao comércio com os Estados Unidos. Além do impacto sobre o setor agrícola, o tarifaço afeta também áreas como o farmacêutico e o de óleo e gás, aumentando a pressão sobre o governo para buscar alternativas.
Alternativas de resposta
O governo de Lula tomou diversas frentes para lidar com o tarifaço. Além da ativação da Lei da Reciprocidade, o Brasil iniciou uma série de consultas formais na Organização Mundial do Comércio (OMC), com a possibilidade de abrir um painel para cobrar explicações de Washington. Também foi contratado um escritório de advocacia nos Estados Unidos para representar os interesses brasileiros.
A decisão de ativar a Lei da Reciprocidade é vista como uma alternativa de abrir um canal de diálogo com os EUA. O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comercio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, foi um dos articuladores da medida e defendeu a importância de iniciar a aplicação da lei como forma de pressionar os americanos a reconsiderarem sua posição.
Embora o governo brasileiro tenha negado qualquer ligação entre a decisão de aplicar a Lei da Reciprocidade e o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), que começará na próxima terça-feira (2), o "timing" da medida gerou especulações. Trump, em suas declarações, chegou a sugerir que os dois processos poderiam estar interligados, o que foi prontamente mengado pelo Itamaraty.
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sábado, 2 de agosto de 2025
Política: Maior partido da Câmara, PL apoia tarifaço e ataque de Trump à soberania nacional
Confira a lista de quase 700 produtos que não serão taxados pelos EUA
domingo, 27 de julho de 2025
Tarifaço: Eduardo Bolsonaro rebate falas de Ratinho Júnior
sábado, 19 de julho de 2025
As mentiras, o cinismo e o desespero de Bolsonaro
Originalmente publicado por Miguel do Rosário, em O Cafezinho: Respondemos aqui às principais mentiras de Bolsonaro em sua entrevista à Band News. É extremamente importante desmentir as mentiras de Bolsonaro. Na entrevista à Band News, realizada ontem após comparecer à Polícia Federal e colocar a tornozeleira eletrônica, o ex-presidente se enrolou em contradições que revelam seu desespero e total descompromisso com o interesse nacional e as instituições democráticas brasileiras.
MENTIRA 1: "Eu e o Eduardo temos nada a ver com os 50% do Tarifaço. Nada a ver. Nada a ver. Exatamente nada."
A negação é desmentida pelos próprios fatos. Jair transferiu 2 milhões de reais para Eduardo, recursos utilizados para atividades de lobby e possível corrupção visando acesso à Casa Branca. O sistema político americano, apesar da riqueza do país, opera com esquemas de propina acessíveis - 50 mil dólares são suficientes para comprar favores de funcionários governamentais ou congressistas. Eduardo não apenas admitiu suas articulações como celebrou publicamente o tarifaço, agradecendo a Trump. A medida representa um pedido direto de Bolsonaro, executado através de seu filho, em troca da submissão do Brasil aos interesses americanos.
MENTIRA 2: "Ele tá lutando pela nossa liberdade, pela nossa independência e contra a ditadura imposta pelo ministro Alexandre de Moraes."
A hipocrisia é gritante. Bolsonaro sempre foi defensor da ditadura militar brasileira, chegando a elogiar publicamente o coronel Ustra, notório torturador. Se realmente vivêssemos sob uma ditadura, ele não estaria concedendo entrevistas livremente. Eduardo desenvolve nos Estados Unidos um trabalho de chantagem contra o Brasil, explorando a relação construída com Trump durante o mandato presidencial e aproveitando-se do desprezo do líder americano pelas instituições democráticas brasileiras. Trump demonstra apreço apenas por quem o bajula, caso da família Bolsonaro, utilizando essa proximidade para pressionar e chantagear o país.
MENTIRA 3: "Até o inquérito do golpe de estado é uma peça de fantasia. o 8 de janeiro não foi uma tentativa de golpe."
O cinismo da declaração é evidente. O 8 de janeiro integrou um processo amplo de desestabilização democrática. Bolsonaro contribuiu diretamente ao recusar-se a reconhecer o resultado eleitoral e manter, através de intermediários, a instigação dos manifestantes acampados. Os invasores não portavam armas porque funcionavam como massa de manobra - o objetivo era gerar caos e instabilidade para justificar uma eventual intervenção militar. A estratégia de desestabilização persiste hoje, com Eduardo articulando sanções contra ministros do STF e medidas econômicas prejudiciais ao país.
MENTIRA 4: "Eu esta nos Estados Unidos. Não tenho nada a ver com isso."
A alegação ignora propositalmente o conceito de autoria intelectual. Bolsonaro poderia ter utilizado suas redes sociais para repudiar os atos antes, durante ou após os eventos, mas optou pelo silêncio cúmplice. Durante horas de invasão, manteve-se ausente das plataformas digitais. Seus interlocutores mantinham contato direto com as lideranças dos manifestantes, evidenciando conhecimento prévio dos planos. A responsabilidade decorre fundamentalmente de sua recusa sistemática em aceitar a derrota eleitoral e reconhecer a vitória de Lula, alimentando permanentemente o clima de contestação.
MENTIRA 5: "A nossa taxa média é 60% (referindo-se às tarifas que o Brasil cobra dos produtos americanos)
Esta mentira de Bolsonaro é particularmente grave porque tenta justificar ataques e tarifas devastadoras para a economia nacional. Ao propagar essa desinformação, ele busca legitimar uma tarifa de 50% que significaria praticamente o fim das relações econômicas entre Brasil e Estados Unidos. Trata-se de uma mentira inacreditável que revela a total incompetência, a absoluta indigência intelectual e a completa desonestidade moral de Bolsonaro. Em questão de importância central para nossa soberania econômica, ele mais uma vez se coloca contra o Brasil, contribuindo com falsidades e desinformação para favorecer o agressor que ataca nosso país.
Os dados oficiais desmentem categoricamente essa farsa. Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Brasil aplicou tarifa real média de apenas 2,7 % às importações americanas em 2023. Já a FGV estima que a tarifa efetiva brasileira sobre produtos americanos seja ligeiramente superior, de 4,7% em 2022, ainda assim muito diante dos alegados 60%. Em contrapartida, antes da tarifas de Trump, os Estados Unidos cobravam apenas 2,2% sobre produtos brasileiros. A alegação dos "60%" constitui desinformação grosseira que demonstra total desconhecimento da realidade econômica ou deliberada tentativa de enganar a população para justificar as chantagens de Trump contra o Brasil.
MENTIRA 6: "São centenas de ordens ilegais para perseguir a direita no Brasil. Somente a direita foi prejudicada."
A alegação carece de fundamento factual. O Tribunal Superior Eleitoral atua com critérios técnicos e imparciais, aplicando sanções a candidatos de todas as correntes políticas. Uma análise histórica das decisões do TSE revela que políticos de esquerda também enfrentaram penalidades similares. A inexistência de hegemonia esquerdista no Brasil é demonstrada pelo próprio caso de Lula, que foi preso e ficou inelegível. Se as instituições fossem controladas pela esquerda, como alega Bolsonaro, nem Lula nem outros políticos progressistas teriam enfrentado tais consequências.
MENTIRA 7: "Você praticamente não ouviu falar em corrupção no meu governo".
A realidade contradiz frontalmente essa versão. O governo Bolsonaro enfrentou múltiplas acusações de corrupção, muitas ainda sob investigação. O esquema de desvio de recursos previdenciários, prejudicando aposentados através de entidades fraudulentas, teve origem durante sua gestão. Surgiram denúncias graves sobre tentativas de desvio de verbas destinadas à compra de vacinas. Além disso, a privatização da BR Distribuidora e refinarias da Petrobras, seguida pelo recebimento de presentes dos mesmos grupos árabes que adquiriram esses ativos a preços questionáveis, configura situação no mínimo suspeita.
MENTIRA 8: "Criamos o Pix, que é algo que é algo que nenhum país do mundo tem."
A atribuição de autoria é falsa. O PIX foi desenvolvido pelo Banco Central, instituição independente, através do trabalho técnico de sues servidores ao lingo de anos de pesquisa. Bolsonaro não participou da criação do sistema. A "confusão" que ele minimiza refere-se às ameaças do governo Trump ao PIX brasileiro, pressionando pela substituição do sistema nacional por cartões de créditos americanos - configurando nova forma de chantagem econômica.
As declarações de Bolsonaro na Band News expõem o desespero de quem vê suas articulações antidemocráticas sendo progressivamente desmascaradas pela Justiça brasileira.
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segunda-feira, 7 de julho de 2025
Trump defende Bolsonaro e Lula responde: "esse país tem lei, dê palpite na sua vida e não na nossa"
Por Patrícia Faermann, no GGN: Donald Trump disse que o processo contra Jair Bolsonaro por tentar um golpe de Estado é uma "caça às bruxas" e o Brasil "está agindo de forma terrível no tratamento dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro". "Esse país tem lei. Dê palpite na sua vida e não na nossa", respondeu o presidente Lula.
A resposta do presidente brasileiro ocorre após às ameaças de Donald Trump aos países que apoiarem os Brics (entenda sobre isso aqui). Desta vez, o mandatário dos EUA anunciou, novamente por meio de sua redes social, que os que apoiarem o bloco econômico e uma possível desdolarização teriam que pagar um adicional de 10% de tarifas internacionais.
Mas não só. Trump também divulgou em sua rede, a Truth Social, opiniões a respeito do processo contra Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado. ignorando todo o processo, com as acusações e provas de atentado e crimes, Donald Trump disse que "o Brasil está agindo de forma terrível no tratamento dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro" e que a eleição no Brasil "foi muito acirrada e, agora, ele (Bolsonaro) está liderando as pesquisas. Isso não é nada mais, nada menos, do que um ataque a um oponente político".
Ao ser questionado sobre a ameaça tarifária aos países do Brics e aliados, na tarde desta segunda (7), o presidente Lula disse não considerar "uma coisa muito responsável e séria um presidente da República de um país do tamanho dos Estados Unidos ficar ameaçando o mundo através da internet".
"Não queremos imperador. Nós somos países soberanos", lembrou o presidente brasileiro.
"Muito equivocado e muito irresponsável um presidente ficar ameaçando os outros em redes digitais, sinceramente. Tem outras formas para um presidente de um país do tamanho dos Estados Unidos falar com outros países", disse, ainda. Lula, sobre a ameaça de novas retaliações.
Em seguida, o presidente foi perguntado sobre a defesa de Trump ao ex-presidente Jair Bolsonaro no processo de golpe de Estado. Sobre isso, Lula preferiu não comentar o post de Donald Trump, diretamente, mas deu um recado:
"Esse país tem lei, esse país tem regra, esse país tem um dono chamado povo brasileiro. Portanto, dê palpite na sua vida e não na nossa."
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[Trump sai em defesa de Jair Bolsonaro e fala em 'caça às bruxas' ; governo Lula reage: "O residente dos Estado Unidos, Donald Trump, fez um gesto ao ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) em sua rede social, Truth Social. Em um post nesta segunda-feira (7/7), Trump pediu para deixarem Bolsonaro "em paz". Disse que está acontecendo "algo terrível no Brasil" e que está acompanhando "muito de perto essa caça às bruxas contra Jair Bolsonaro".
Trump não menciona o Supremo Tribunal Federal (STF), mas diz que o ex-presidente não é culpoado de nada, que o único julgamento que deveria estar acontecendo é "o julgamento dos votos, chamado de elições". Bolsonaro está inelegível por duas decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e é réu no Supremo por tentativa de golpe de Estado em 2022."
(...)
"O governo brasileiro reagiu à manifestação de Trump dizendo se tratar de uma 'interferência' na soberania nacional. "A defesa da democracia no Brasil é um tema que compete aso brasileiros. Somos um país soberano. Não aceitamos interferência ou tutela de quem quer que seja", diz nota, assinada pelo presidente Lula. "Possuímos instituições sólidas e independentes. Ninguém está acima da lei. Sobretudo, os que atentam contra a liberdade e o Estado de Direito", completou."]
(...)
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sábado, 15 de março de 2025
Nova ação no STF pede investigação de Bolsonaro pelo crime de violação da soberania
Por Ana Gabriela Sales, no GGN: A bancada do PT na Câmara dos Deputados acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) e a Procuradoria-Geral da República (PGR) para abertura de uma investigação contra Jair Bolsonaro por crime contra a soberania nacional. Os deputados apontam que, em entrevista, Bolsonaro afirmou que transmitiu ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, informações sobre acordos firmados entre Brasil e China, que envolveria a "construção de bombas atômicas".
"Podem ficar tranquilos, já passei para a equipe do Trump isso aí, passei em primeira mão lá atrás", disse Bolsonaro, no dia 7 de março, direto do aeroporto de Brasília, em referência aos 37 acordos assinados entre o presidente Lula (PT) e o presidente Xi Jinping, em novembro de 2024, quando o líder chinês esteve no Brasil.
Na ocasião, Bolsonaro ainda afirmou: "Eles (o governo dos EUA) têm uma preocupação com o Brasil, eles não querem que o Brasil se consolide como uma nova Venezuela e nós sabemos que o problema do Brasil não vai ser resolvido internamente, tem que ser resolvido com o apoio de fora".
Segundo os parlamentares do PT, Bolsonaro "confessou abertamente ter se tornado um agente de informações de outra nação, buscando intervenção externa no Brasil".
"A fala do noticiado não se traduz num fato isolado, mas revela uma estratégia utilizada por seu grupo com o claro objetivo de desestabilizar a política nacional, atentando contra a soberania e a democracia brasileira", argumentaram os deputados no pedido, que foi encaminhado ao ministro do STF, Alexandre de Moraes.
Os signatários sustentam que o ex-presidente atentou contra a soberania, conforme previsto no artigo 359-I do Código Penal, que criminaliza o ato de negociar com governo ou grupo estrangeiro, ou seus agentes, com o fim de provocar atos típicos de guerra contra o País ou invadi-lo.
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quarta-feira, 12 de março de 2025
Eduardo Bolsonaro, o patriota americano, por Fernando Castilho
Por Fernando Castilho, no GGN: Ah, Eduardo Bolsonaro, o "exemplar" deputado federal por São Paulo, que eu classifico carinhosamente como PL-EUA. Não é à toa, claro. O rapaz praticamente vive nos Estados Unidos, já comprou uma mansão por lá e, claro, matriculou sua filha em uma escola local, porque, né, quem precisa da bagunça do Brasil quando se tem um lar acolhedor no exterior?
Rumores dizem que ele não voltará, mas caso ele se aventure a pôr os pés em solo brasileiro novamente, seu passaporte será retido. Afinal, quem não gostaria de sair de um país onde a política é só uma maneira de faturar através de rachadinhas, não é mesmo?
Muita gente já fez o favor de escrever sobre a vergonhosa traição que Eduardo comete contra o Brasil, então, vou evitar me repetir aqui. Vou focar na parte que realmente nos faz roer as unhas: a lentidão e a, por que não, leniência da justiça. E não falo só dele, mas do seu querido pai, o Jair. O STF já se esqueceu de consultar a PGR sobre a necessidade de mandar de Eduardo de volta ao Brasil? Ou será que o Supremo está esperando ele inaugurar mais umas casinhas em Miami?
E o Jair, ah, o Jair... ainda está por aí, dando entrevistas praticamente todo dia, despejando fake news a troto e a direito, enganando o povo e tentando construir seu caminho para a anistia, o que ajuda muito, claro, nas investigações sobre o 8 de janeiro. Uma verdadeira ajuda, não é?
O presidente da Câmara, Hugo Motta, pelo jeito, acha que é muito divertido ver Eduardo Bolsonaro passeando por terras estrangeiras, gastando nosso dinheiro enquanto o Brasil assiste de camarote. Não tem nada melhor que um representante que não se dá ao trabalho de aparecer para trabalhar, mas que segue recebendo a grana. A gente ama, né?
Aliás, é bom ressaltar que Eduardo Bolsonaro não é exatamente o "herdeiro" da facção bolsonarista. Ele e seus irmãos não são as estrelas da extrema-direita para o futuro da nossa amada nação. Os planos de sucessão já foram reservados para outras figuras, como Caiado, Zema, Marçal e, claro, o ícone nacional Gusttavo Lima. Porque, afinal, quem mais poderia ser o novo rosto do Brasil, não é?
Portanto, nossa justiça não precisa ter medo de ratos. Eles fazem barulho, transmitem doenças, mas também são frágeis e não é muito difícil acabar com eles.
A verdade é que já estamos com paciência de sobra. A justiça precisa, urgentemente, colocar um fim nessa novela. E, se possível, com o mínimo de dignidade para o povo brasileiro. Porque, sinceramente, já passou da hora.
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sábado, 1 de março de 2025
O bate-boca de Trump e Zelensky marca o divórcio na OTAN entre Estados Unidos e Europa
DMC: A cena na Casa Branca poderia ser apenas mais um episódio da diplomacia teatral que virou praxe na política internacional, mas a humilhação a que Donald Trump submeteu Zelensky simboliza algo muito maior. Foi o momentos em que o casamento turbulento entre Estados Unidos e Europa começou a exibir, sem disfarces, os sinais do divórcio litigioso que se aproxima.
A tensão entre Washington e Kiev não foi apenas crise pessoal entre dois líderes de extrema-direita. Ela expôs o desgaste profundo na relação entre os EUA e seus aliados europeus, um relacionamento que por décadas foi considerado inabalável. Desde a Segunda Guerra Mundial, americanos e europeus vinham operando como dois polos do mesmo império global. Agora, esse império racha, e a separação pode ser uma das maiores mudanças geopolíticas do século 21.
A Casa Branca montou o cenário perfeito para Trump sair como o grande líder que resolve a guerra da Ucrânia em 245 horas. Tudo estava armado para uma assinatura simbólica de um acordo mandrake para explorar minérios, uma aliança forçada, um jogo de cena para os noticiários. Mas Zelensky estragou a festa. Ele se recusou a seguir o script, questionou as exigências de Washington e reagiu com raiva à postura imperial de Trump.
O presidente americano já havia dado sinais de que considerava a aliança EUA-Europa um fardo. A guerra na Ucrânia se tornou um negócio ruim para os americanos, que gastam bilhões sem retorno direto, enquanto europeus tentam manter um papel de coadjuvantes relevantes. A explosão do palhaço Zelensky deixou claro que Kiev - e por extensão a Europa - já não pode mais contar com o respaldo incondicional de Washington. Putin venceu.
O divórcio da OTAN e a nova geopolítica
A OTAN foi criada como um pacto de proteção mútua contra ameaças externas, mas nos últimos anos se tornou um projeto que só beneficia um lado: a elite militar-industrial americana. Trump já percebeu isso e prefere investir em ralações mais diretas e transacionais com atores como Rússia, Israel e Arábia Saudita a manter o compromisso vago com uma Europa que não consegue se sustentar sozinha.
Se os EUA reduzirem sua presença militar no continente europeu, a União Europeia terá que escolher entre duas opções igualmente ruins:
- Assumir sua própria defesa, criando um exército europeu independente - o que custaria trilhões e exigiria um alinhamento político que o bloco simplesmente não tem.
- Aceitar uma nova realidade em que a Rússia volta a ser a principal força militar na Europa continental, obrigando países como França e Alemanha a negociar com Moscou.
terça-feira, 25 de fevereiro de 2025
Fascistas e extrema-direita no controle das Big Techs corroem a democracia, diz Moraes
Por Patrícia Faermann, no GGN: As redes sociais estão sendo controladas por grupos "fascistas e de extrema-direita" para "corroer a democracia", disse Alexandre de Moraes, em confronto direto com as tentativas da empresa do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e da plataforma Tumble entrarem com processo contra Moraes nos EUA.
Segundo o ministro, "grupos econômicos e ideologicamente fascistas, de extrema-direita" foram instrumentalizados para "corroer a democracia por dentro". "As Big techs não são enviadas de Deus", disse, na aula magna inaugural da Faculdade de Direito da USP, no histórico Largo do São Francisco, nesta segunda-feira (24).
Moraes enfrenta empresa de Trump
A fala de Moraes ocorre dias após o grupo tecnológico de Trump, Trump Media & Technology Group, e a plataforma de compartilhamento de vídeos Rumble acionarem Alexandre de Moraes em tribunal dos Estados Unidos.
Na última sexta-feira (21), o ministro da Suprema Corte brasileira ordenou a suspensão da plataforma de vídeo no Brasil até que a empresa nomeie um representante legal para responder judicialmente à legislação brasileira, acusada de propagar conteúdos ilegais e Fake News.
O caso é similar às ações do STF brasileiro contra o X do bilionário Elon Musk. Desde que o caso teve início, Musk vem usando as suas plataformas para atacar publicamente Alexandre de Moraes.
Elon Musk volta a atacar Moraes
Nesta terça (25), Musk compartilhou em suas redes sociais uma suposição de que o juiz brasileiro tenha retirado seus recursos e bens dos EUA, em meio aos processos judiciais da empresa de Trump e da Rumble.
Segundo a publicação compartilhada pelo dono do X, Moraes teria a obrigação de "comparecer pessoalmente" se for intimado na Justiça norte-americana e "se ele se recusar, corre o risco de sr julgado à revelia". Ambas informações não estão confirmadas: mesmo que tenha sido alvo das ações nos EUA, como cidadão brasileiro, Moraes não deveria precisar comparecer pessoalmente aos EUA para o processo judicial.
"Big Techs não são enviadas de Deus"
Em sua fala aos calouros no largo do São Francisco, o ministro criticou enfática e publicamente as atuações das Big Techs.
"As Big Techs não são enviadas de Deus, não são neutras. São grupos econômicos que querem dominar a economia e a política mundial, ignorando fronteiras, as soberanias nacionais, as legislações, para conseguir lucro", disse.
Ainda, enfatizou o ministro, o Brasil vive o retorno do "discurso do 'tio do churrasco', que estimula a visão de mundo preconceituosa e ressentida, de "pessoas que ficaram com rancor pela universlização de direitos e pela excessiva concentração de renda".
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quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025
Moraes é alvo de ação nos EUA por ordem contra Allan dos Santos
Redação/Migalhas: O ministro Alexandre de Moraes, do STF, é alvo de uma ação na Justiça dos Estados Unidos, movida pela empresa Trump Media e pela plataforma de vídeos Rumble, sob a alegação de violação da soberania americana. O processo tramita em um dos distritos do Tribunal Federal na Flórida e contesta a ordem do ministro para a suspensão da conta do blogueiro Allan dos Santos na plataforma. As informações são da Folha de S.Paulo e do jornal americano The New York Times.
Ordens de derrubada
O imbróglio teve início em outubro de 2021, quando o ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou a prisão preventiva do blogueiro Allan dos Santos, além da suspensão de suas contas em redes sociais, incluindo a plataforma de vídeos Rumble.
Allan dos Santos é investigado pelo STF por disseminação de desinformação e ataques a ministros da Corte. Apesar da ordem de prisão, os Estados Unidos, país em que reside o youtuber, negou seu pedido de extradição em março de 2022.
Além disso, a Rumble, plataforma de compartilhamento de vídeos semelhante ao YouTube, recusou-se a cumprir a ordem de suspensão da conta de Allan dos Santos, alegando não possuir representação no Brasil e que as determinações violavam a legislação americana.
Em fevereiro de 2025, o ministro voltou a expedir determinações contra a empresa, exigindo que a conta de Allan dos Santos fosse encerrada de forma permanente em todo o mundo.
A nova decisão fez com que a Trump Media, empresa de mídia ligada ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se alinhasse à Rumble para mover uma ação conjunta na Justiça dos Estados Unidos em fevereiro de 2025.
Os advogados das empresas alegam que as decisões de Moraes violam a soberania dos EUA e a Primeira Emenda da Constituição, que protege a liberdade de expressão. A Trump Media também afirma que restrições à Rumble no Brasil afetam a Truth Social, que depende de seus serviços.
Fonte: https://www.migalhas.com.br/quentes/424930/moraes-e-alvo-de-acao-nos-eua-por-ordem-contra-allan-dos-santos
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quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025
Taxação dos EUA busca controle do jogo comercial no mundo. Como fica o Brasil?
Por Patrícia Faermann, no GGN: O aumento da tarifa sobre o aço brasileiro por Donald Trump nos Estados Unidos é um tipo de pressão comercial norte-americana que visa, entre outras coisas, permitir melhores condições para o mercado norte-americano e o domínio dos EUA nas regras do jogo comercial no mundo. Diante desta estratégia, o governo brasileiro entre no jogo de articulações e tenta diplomaticamente reverter o cenário.
Em última instância e na prática, o aumento de 25% nas taxas de importação destes materiais brasileiros não é benéfico nem para os Estados Unidos. As estatísticas revelam que as indústrias norte-americanas sairão prejudicadas, porque dependem das matérias-primas importadas, incluindo o aço brasileiro.
Por isso, o objetivo de Trump vai além. E ele deixou isso claro no próprio decreto que aumentou a taxação de 25% sobre os produtos. No decreto publicado nesta segunda-feira (10), intitulado "Ajustando as importações de aço para os Estados Unidos", Trump faz um balanço mundial sobre as exportações e importações de aço, com exemplos em cada um dos países, expondo o que ele xonsidera como injusto economicamente para os EUA.
Ele dá exemplos de como as importações de aço de alguns países aumentaram, ao mesmo tempo que a compra de aço pelos EUA diminuiu. "De 2022 a 2024, as importações de países sujeitos a cotas (Argentina, Brasil e Coreia do Sul) aumentaram em aproximadamente 1,5 milhão de toneladas métricas, mesmo com a demanda dos EUA diminuindo em mais de 6,1 milhões de toneladas durante o período", escreve.
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Bolsonaristas usam medida de Trump para atacar TSE e espalhar fake news; entenda
Publicado por Diário do Centro do Mundo: Aliados de Jair Bolsonaro (PL) aproveitaram o fechamento da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) por Donald Trump para espalhar teorias da conspiração sobre as eleições de 2022 e questionar a atuação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Segundo levantamento do Instituto Democracia em Xeque, mais de 1,1 milhão de postagens sobre o tema forma publicadas no Brasil, gerando 5,2 milhões de interações nas redes sociais.
Entre as postagens, perfis de bolsonaristas destacaram um depoimento do ex-funcionário do Departamento de Estado Michael Benz. Ele afirmou que a Usaid teria investido "dezenas de milhões de dólares dos contribuintes americanos" para interferir no processo eleitoral brasileiro e favorecer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "Se a Usaid não existisse, Bolsonaro ainda seria o presidente do Brasil", disse Benz. No entanto, não há qualquer evidência que comprove suas declarações, segundo verificações de sites de checagem.
Parlamentares bolsonaristas ampliaram as insinuações nas redes. O deputado Eduardo Bolsonaro publicou no X que "a Usaid fraudou as eleições do Brasil e chamou isso de 'ajuda'".
Tradução: "A USAID FRAUDOU AS ELEIÇÕES DO BRASIL E CHAMOU ISSO DE 'AJUDA" https://t.co/TAdn9bhWR2
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) February 9, 2025
Bia Kissis também fez publicações sugerindo uma suposta interferência.
O @MikeBenzCyber makes shocking revelations about interference in Brazil’s elections in 2022. @Lilipac @KWiswesser USAID financiou a censura no Brasil. Minha denúncia hoje da Tribuna. pic.twitter.com/x9plguZ8Ge
— Bia Kicis (@Biakicis) February 5, 2025
Além dos ataques ao TSE, bolsonaristas passaram a criticar iniciativas brasileiras que, segundo eles, teriam recebido recursos da Usaid.
Os sites Alma Preta e Agência Lupa, além do movimento Sleeping Giants Brasil, foram alvos de acusações, mas negaram qualquer ligação financeira com a agência americana.
O monitoramento das postagens foi feito pelo Instituto Democracia em Xeque por meio da ferramenta Talkwalker, que analisou conteúdos no Facebook, Instagram, UouTube e Telegram.
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quinta-feira, 30 de janeiro de 2025
Nazifascismo, trumpismo e cristianismo - isto dá liga?, por Dora Incontri
Por Dora Incontri*, no GGN: É recorrente em meus escritos a análise do contraste entre os ensinos e exemplos de Jesus de Nazaré e as ações e posições de muitos dos que se dizem seu seguidores através da história, sobretudo nos últimos tempos de aliança entre fundamentalismo e extrema direita. Das Cruzadas ao longo período da Inquisição, chegando até o julgamento para o silenciamento de Leonardo Boff, na cadeira em que Giordano Bruno havia sido condenado à morte na fogueira.
Este ato inquisitorial contra Boff foi praticado por Joseph Ratzinger, na época Prefeito da Congregação para Doutrina da Fé (leia-se, remanescente do tribunal da Inquisição). Lembremos que Ratzinger, depois de escolhido como Papa Bento XVI, havia participado da juventude nazista.
Mas o problema é mais profundo. Em 2020, a Conferência dos Bispos Católicos da Alemanha admitiu num documento, que a Igreja Católica teve cumplicidade com o nazismo naquele país. Também a Igreja Luterana alemã foi conivente com o nazismo, chegando no ano 2000 a confessar (e a indenizar as vítimas) que havia sido usado trabalho escravo de judeus. E não se pode esquecer o longo histórico de cristãos perseguindo, expulsando e matando judeus em toda a Europa, de Portugal à Rússia, desde a Idade Média até a tragédia do holocausto, que relembramos por esses dias. E no caso dos luteranos, há fortes passagens antissemitas nos próprios escritos de Lutero.
Poderia preencher páginas e páginas do quanto de violência, perseguição e morte houve no desenrolar da história de cristãos contra judeus, ciganos, homossexuais, mulheres (que eram consideradas bruxas) etc. etc. Usou-se, não com pouca frequência, uma mensagem de amor, compaixão, acolhimento e paz para opressão e destruição.
O que causa angústia é que tudo isso não é coisa do passado, superada pelo avanço civilizatório e pelo pensamento crítico e emancipatório, que vem sendo construído desde o Iluminismo, atravessando os movimentos socialista e anarquista e pelas lutas pelos Direitos Humanos. Estamos de novo mergulhados numa distopia de que temos já visto as cenas mais intensas nesses primeiros dias do governo do inominável dos EUA: gente algemada, crianças sendo expulsas das escolas, manifestações livres de suprematistas brancos e o desmonte de qualquer mínima política pública humanitária, de respeito à diversidade e de justiça social (política que sempre foi mínima nos EUA). E há toda uma narrativa da Teologia de domínio que já estava há décadas preparando o terreno para essa ascensão da extrema direita e agora apoia plenamente a barbárie.
É certo que há resistência, como a corajosa fala da bispa Mariann Edgar Budde, que depois de se dirigir cara a acara ao recém-empossado presidente ainda se negou a pedir desculpas. Como houve cem anos atrás inúmeras resistências entre religiosos. Basta lembrar de Dietrich Bonhoeffer, pastor e teólogo luterano que se opôs ao nazismo e morreu em 1945 num campo de concentração. E para citar um herói do campo católico, o frei franciscano Maximiliano Kolbe, também assassinado num campo de horrores.
Em todos os tempos, houve cristãos que entenderam e seguiram a mensagem de Jesus, que é insofismavelmente de amor, fraternidade, compaixão e justiça.
E hoje, tempos o peculiar fenômeno de ateus, que se opõem ao avanço da extrema direita, amparada pelo fundamentalismo cristão, e que fazem questão de lembrar o tempo todo que as palavras de Jesus não se encaixam numa visão de mundo antipobres, anti-imigrantes, anti-LGBTQIAPN+, anti-humanidade... Só por esses dias, vi dois ateus confessos, por acaso dois Leandros, proclamando tais obviedades: Karnal e Demori.
A questão é que o fundamentalismo cristão (principalmente o evangélico) é um projeto muito bem articulado, que partiu dos EUA e se impregnou na cultura brasileira, cooptando o povo, que não tem educação política, mas carrega muitas necessidades de integração social, de acolhimento psíquico, de convivência comunitária... E, por tradição no Brasil, o nome de Jesus é muito atrativo. E é em nome dele, mas um Jesus-fake, envolto muito mais numa bíblia do Velho Testamento, do que no frescor amoroso dos Evangelhos, que se conquista as massa, para manipulá-las em favor dos "valores cristãos".
Esses supostos valores cristãos nada mais são do que uma agenda de repressão sexual, de patriarcado violento, de neoliberalismo submisso ao mercado e predatório do ser humano e da natureza, de discursos anticientíficos e altamente obscurantistas. E tudo isso acompanhado de projetos de instalação de governos totalitários, como os golpistas queriam estabelecer no Brasil e como o trumpismo está se inaugurando como tal nos EUA.
É preciso desmascarar um cristianismo que é anti-Cristo e fazer valer os verdadeiros valores cristãos, que jamais poderiam compactuar com qualquer forma de exploração, opressão e violência contra a humanidade. Acordemos!
*Dora Incontri - Graduada em Jornalismo pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero. Mestre e doutora em História e Filosofia da Educação pela USP (Universidade de São Paulo). Pós-doutora em Filosofia da Educação pela USP. Coordenadora geral da Associação Brasileira de Pedagogia Espírita e do Pampédia Educação. Diretora da Editora Comenius. Coordena a Universidade Livre Pamédia. Mais de trinta livros publicados com o tema educação, espiritualidade, filosofia e espiritismo, pela Editora Comenius, Ática, Scipione, entre outros.
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quarta-feira, 29 de janeiro de 2025
Igrejas evangélicas dos EUA esvaziam com deportações de Trump e pastores se desesperam
Diário do Centro do Mundo: A onda de medidas rigorosas de deportação e operações para capturar imigrantes irregulares nos EUA tem gerado um impacto visível em espaços centrais para a comunidade brasileira, com destaque para o esvaziamento progressivo de igrejas evangélicas.
Relatos ouvidos pela BBC News Brasil revelam que fiéis estão evitando cultos por medo de serem detidos, mesmo em ambientes tradicionalmente considerados seguros.
"Os cultos estão bem mais vazios. As pessoas estão com medo até de ir para a igreja", afirma uma estudante brasileira em uma cidade americana com alta concentração de imigrantes do Brasil.
O temor aumentou após a administração Trump autorizar, em janeiro, a detenção de imigrantes em locais como igrejas, escolas e clínicas. A medida, parte de 21 ações executivas para endurecer a imigração, ampliou a atuação de agente federais, incluindo operações em áreas antes vistas como refúgios.
Em Nova York, uma igreja chegou a colar um aviso na porta alertando que o Serviço de Imigração e Alfândega (ICE) só pode entrar no local com autorização judicial. A ação simboliza a tensão que permeia esses espaços. Fernanda, que frequenta uma igreja em Massachusetts, conta que até ela reduziu a presença nos cultos: "A gente nunca sabe o que pode acontecer".
O clima de apreensão é alimentado por relatos de deportações de imigrantes sem antecedentes criminais, contrariando o discurso oficial de que o foco são "criminosos". Rafael, evangélico sem documentos na Flórida, revelou que sua advogada orientou evitar não apenas mercados e festas, mas até aglomerações religiosas: "O medo aumentou, mas seja feita a vontade de Deus", resigna-se.
Embora o governo afirme priorizar deportações de pessoas com crimes graves, a definição ampla de "criminoso" - incluindo quem violou leis migratórias - e a prática de detenções em massa em residências ou locais públicos geram o chamado "dano colateral".
Dinorah, da Carolina do Norte, resume: "Se você estiver perto de alguém com problemas, vai ser levado junto".
Pastores também sentem o impacto. Um líder de igreja em Orlando, que preferiu anonimato, admitiu que o fluxo de fiéis diminuiu e reforçou que a comunidade não incentiva imigração irregular. "Não oferecemos auxílio jurídico a quem está legal", disse, em um sinal de como o tema se tornou tabu até em espaços religiosos.
Além de evitar igrejas, brasileiros relatam isolamento social. Junior Pena, influenciador com milhares de seguidores, orienta: "Andamos pisando em ovos". Ele cancelou uma viagem ao Alasca por medo de voos domésticos, enquanto outros evitam até supermercados étnicos.
Para Fernanda, o fenômeno nas igrejas evangélicas é sintomático: "O templo está mais vazio, e isso reflete o desespero de quem vive na sombra". Enquanto a Casa Branca defende suas políticas como "proteção nacional", a comunidade brasileira enfrenta uma realidade onde até a fé é abalada pelo medo de estar "no lugar errado, na hora errada".
Um vídeo está circulando pelas redes sociais, onde uma jovem brasileira que atualmente vive nos EUA mostra o momento em que a polícia chega na casa de seus vizinhos imigrantes para levá-los à deportação.
— Porto Alegre 24 Horas (@portoalegre24h) January 28, 2025
Nos comentários, feitos na rede social TikTok, diversas pessoas afirmaram… pic.twitter.com/AtQrloFK0E
Em suas redes sociais, o Pastor Silas Malafaia, líder da ADVEC, abordou o tema dizendo que ele "concorda em parte" com as medidas de Trump.
"Deportar gente que tem ficha criminal está certo", diz o extremista religioso, que entretanto cita versículos bíblicos para fundamentar que os "estrangeiros trabalhadores" não deveriam ser atingidos com a política de imigração do republicano.
A diferença entre o imigrante trabalhador e o criminoso. Concordo em parte com o Trump pic.twitter.com/kgErtzDrT4
— Silas Malafaia (@PastorMalafaia) January 28, 2025
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Trump diz que Brasil está entre os países que querem mal aos EUA e cobram muita tarifa
ICL/Notícias: O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a mencionar o Brasil nesta segunda-feira (27) entre os governos que "taxam demais". Ele também incluiu o país no grupo dos que "querem mal" aos EUA, durante um discurso a correligionários na Flórida.
"Coloque tarifas em países e pessoas estrangeiras que realmente nos querem mal", disse Trump. "A China é um grande criador de tarifas. Índia, Brasil, tantos, tantos países. Então, não vamos deixar isso acontecer mais, porque vamos colocar a América em primeiro lugar, sempre colocar a América em primeiro lugar", afirmou.
O presidente fez a declaração ao defender que é preciso taxar produtos estrangeiros para favorecer a produção interna norte-americana.
Ele já havia citado o Brasil em novembro, após ser eleito, como exemplo de país com excesso de tarifas alfandegárias sobre produtos americanos e disse que vai impor um tratamento semelhante às exportações estrangeiras.
Trump fala em tratamento "recíproco"
"Nós vamos tratar as pessoas de forma muito justa, mas a palavra 'recíproco' é importante. A Índia cobra muito, o Brasil cobra muito. Se eles querem nos cobrar, tudo bem, mas vamos cobrar a mesma coisa", disse Trump à época durante entrevista coletiva realizada em Mar-A-Lago, em Palm Beach, na Flórida.
Trump repetiu nesta segunda que "tarifa" está entre as quatro palavras das quais hoje ele mais gosta. Antes de mencionar o Brasil, ele citou o atrito que teve com a Colômbia neste domingo (26). O país sul-americano inicialmente se recusou a receber voos com imigrantes deportados.
O presidente dos EUA reagiu e ameaçou colocar uma tarifa alfandegária de 25% em cima dos produtos bolivianos. Mais Tarde, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, recuou e aceitou receber os aviões, levando Trump recuar na promessa de sanção.
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[Leia também: "Nós não precisamos deles", declara Trump sobre o Brasil e América Latina]
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